domingo, 19 de setembro de 2010

Meu parto

Relato de parto do Rudá (parto domiciliar na piscina)

Às duas e meia da manhã do dia 30 acordei com vontade de ir ao banheiro. Percebi que a calcinha estava rajada de sangue e que saiu mais água que não era xixi. Foi aí que a ficha começou a cair. Abri a porta do banheiro e Filipe me perguntou:
 - Começou? e respondi: - sim!
Ele voltou a dormir. Bem, eu já estava tão empolgada que foi difícil controlar os ânimos.
A primeira pessoa para quem liguei foi para a minha doula, a doce Kelly Brasil. Ela atendeu super bem humorada dizendo assim:
- Parabéns, Dani, Rudá vai nascer hoje! Volte para cama e procure dormir, pois você precisará de muita disposição mais na frente.
Fiquei rolando na cama, sem conseguir pregar o olho. Aqui e acolá vinha uma contraçãozinha besta. Ligamos para nosso amigo Zé Ivo que filmaria o parto, pois nem os equipamentos estavam em casa. Ele avisou que chegaria às cinco e meia da manhã. Às quatro horas me levantei definitivamente e fui tomar meu café-da-manhã. e haja a comer pão, queijo, suco e tudo o que eu tinha direito. Logo em seguida tomei um banho e continuei a esperar. Ivo chegou com a filmadora e ficamos os três na sala conversando miolo de pote, como diz o povo daqui do Ceará. Eu estava super tranquila. As contrações eram super fraquinhas. liguei para a Semírames, enfermeira obstetra e doula, às sete da manhã, quando as contrações começaram a mudar um pouco mais. Parecia que meu corpo estava descrito num manual de parto, pois tudo que tinha no livro acontecia tal e qual. Semírames também me parabenizou e sugeriu que eu fosse caminhar na praia. Em seguida do telefonema, fiquei com muita vontade de ir ao banheiro. Foi uma verdadeira lavagem intestinal. A partir daí não sai mais do meu quarto. Andava de um lado para o outro. Coloquei musiquinhas relaxantes, tentava vocalizar, enfim, curtí este período sozinha. Quis ser bicho em solidão com meu bebê que estava por vir. Em intervalos ia ao banheiro, sentia contração e voltava a andar. Filipe, pacientemente, entrava as vezes no quarto pra perguntar se estava tudo bem e se eu queria alguma coisa. Lhe dizia que estava bem e que queria continuar só. Às nove horas da manhã ligou a obstetra, dra. Bárbara, perguntando como eu estava. Tudo bem, disse eu, voltando a sentir e marcar as contrações. Engraçado que a bolsa não estourou toda de uma vez e isso fazia com que eu molhasse a calcinha e a trocasse de instante em instante. As contrações começavam a se intensificar e eu sentia que estava cada vez mais perto. Minha mãe parece que sentiu isso e me ligou. Pedi para que ela viesse, pois achei que estava na hora de trazer as pessoas para junto de mim para os momentos mais fortes do trabalho de parto. Em seguida vieram Kelly e Semírames. Elas fizeram massagem, fiquei na bola, vocalizei, tomei banho, andei muito. Fiz apenas um exame de toque e estava com três centímetros de dilatação.

Elas levaram a banqueta. Santa banqueta para quem quer fazer força! Ajuda muito!!! Semirames ficou surpresa quando eu já estava sentada na banqueta me espremendo! Pedi para que enchessem a piscina. A partir daí já não reparei mais na hora e perdi a noção do tempo. As contrações se intensificavam, as pessoas cochichavam para não me perturbar e eu estava super concentrada nas minhas sensações. Quando a piscina foi liberada para que eu pudesse entrar senti um alívio. Até então não sabia ao certo onde eu ia escolher parir, embora tivesse o sonho de parir na água. E assim foi. Por três vezes meu bebê coroou e voltou, pois estava com uma circular no pescoço. Dra. bárbara chegou quando meu trabalho de parto estava bem avançado. Até que veio uma contração bem forte, diferente de todas as outras que me fez saber que era nessa que meu bebê nasceria. Às duas e quinze da tarde do dia 30 de novembro de 2009, nasceu Rudá, meu peixinho! Nasceu e veio direto para o meu colo. Chorou que só. A coisa mais linda do mundo. Uma sensação indescritível. Sinto o cheirinho dele até hoje. Depois de um tempo ele parou de chorar e com os olhos bem abertos e curiosos começou a olhar tudo ao redor. Filipe e eu então cantamos a canção que colocávamos para ele escutar na barriga:

..."abre a porta e a janela e vem ver o rudá nascer...eu sou um pássaro que vivo avoando, vivo avoando sem nunca mais parar. ai, ai saudade, não venha me matar..."
a liberdade desse pássaro inundou a nós dois num parto lindo!
Dra Bárbara, Kelly, Semírames, Rudá e Eu

Um comentário:

  1. Estou devorando o blog de uma só vez!!! Muito feliz em recordar os momentos do seu parto... Beijo
    Semírames

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